As últimas postagens foram sobre criptografia, então achei interessante falar sobre as eleições que estão chegando.
No momento que escrevo a situação ainda está relativamente calma, mas acho que quando essa postagem for publicada vai ser a mesma complicação de sempre: é propaganda pra todo lado e todo mundo compartilhando e falando besteira por onde quer que vá, qualquer rede social, nem o shoutbox se salva!
Mas já que o motivo iniciador dessa postagem foram as bagunças com criptografia devo de falar algo importante, a minha opinião sobre eleições eletrônicas. Ela é simples, o Randall ilustrou ela muito bem:
Parece que o problema dos brasileiros que determinaram o uso de eleições eletrônicas é que ao invés de pensarem que nem a Megan eles pensam que nem a Ponytail: acreditam na propaganda que os problemas reportados podem ser corrigidos (e foram corrigidos) com soluções tais como blockchains.
Ou talvez as eleições são motivadas porque alguém está ganhando algo por trás dos panos. Há como saber? Não! Afinal, é eletrônico, dá para saber como funciona?
Volta e meia aparece alguém que é contra, depois aparecem outros dez que acreditam que blockchain são a solução (sem saber nada de blockchains) ou algo parecido e falam que tudo está certo, e nada muda.
Além da desinformação, tal como mostrada acima, outro problema comum é ignorar os avisos, por razões diversas. Claro que nos dois vídeos do Tom Scott sobre o assunto ele focou muito nos problemas dos EUA e alguns desses problemas não se aplicam aqui, mas isso não invalida os pontos dele.
Por exemplo: argumentos contra eleições via internet (o que ocorre no exterior) não valem aqui porque isso não ocorre aqui. Argumentos sobre votos deixando de ser considerados ou sendo adicionados, por outro lado, podem ocorrer, pois ainda que exista vários dispositivos criados para evitar essas situações, mas o que garante que esses dispositivos estejam funcionando adequadamente?
Nada impede que a urna dê uma de Volkswagen e funcione perfeitamente durante os testes realizados com ela, ou há um mecanismo mágico que permita isso? O que garante que o código testado ou o código entregue às equipes que testam é o mesmo que será usado no dia da eleição? Uma hash? Uma assinatura? E o que o que vai verificar isso? Outro mecanismo que funciona nos moldes da Volks?
Nada impede que ela mostre algo na tela e registre outra coisa internamente: mesmo se o total de votos contabilizados for o mesmo total de eleitores poderá ocorrer uma troca de votos. Talvez, se colocarem para imprimir algo, seja possível fazer alguma verificação, porém nada impede que o valor registrado seja o mesmo impresso e, nessa situação, o eleitor não pode fazer nada pois se for revelar o problema acabará revelando o próprio voto ajudando a comprometer mais a integridade da eleição.
Claro, neste ano as eleições vão ser eletrônicas, mas vamos ver se daqui dois anos deixaremos essa mania de usar modinhas como "blockchains" e urnas eletrônicas no passado. Vai que o resultados mudem. Se acontecer, provavelmente mudarão.
Enfim, pelo contexto das duas últimas postagens vocês já sabem que eu não confio muito nessas soluções supostamente mágicas e seguras, nem mesmo se forem (supostamente) open-source .
Até semana que vem!